domingo, 14 de junho de 2009

Orion

Por alguns instantes da minha vida, achei que eu tinha tudo, e que a vida era baseada em fazer tudo que a gente gosta, e jamais precisar lidar com a palavra "não". Pois eu em verdade vos digo, existe algo além de nós, existe a "teoria do equilibrio". Desde 2005, eu venho vivendo de uma maneira que, estava pagando pela minha morte em prestações, o que entra em contradição pois eu não quero, nunca quis morrer. Março 2008, até novembro, vivi uma vida de certa forma saudável, e esperava aplausos por isso, ridículo, porquê haveria de receber aplausos por estar salvando a minha própria vida? Porém após novembro, alguma coisa deu errada, a culpa não está nos bares, nas biqueiras, nas baladas, nos puteiros, e sim nos meus defeitos de caráter, desde novembro onde eu deveria estar trabalhando e produzindo em dois empregos, eu fiz exatamente como Ícaro, asas de pena colada com cera, voei mais alto do que deveria, a cera derreteu e o encontro com o solo foi inevitável. E realmente é progressivo, é cada vez mais difícil de continuar uma vez que você beija a lona. Perdí meu aniversário, meu ano novo, minha páscoa, meu carnaval, enfim, mas houve um grande crescimento, tive a maior provação da minha vida, eu achei que não seria capaz, dia 14 de março cheguei à Orion. Uma estrutura cuidadosa, um paraíso bucólico e um ambiente que nos afasta totalmente de tudo, sociedade, família, amigos, enfim, conhecí amigos de verdade, e conhecí o melhor amigo que eu já vinha tentando conhecer mas nunca consegui de fato, JESUS. Não sou um missionário nem um cara topetudo com uma bíblia embaixo do braço, mas agora eu aprendí melhor como obter uma qualidade de vida, como preencher aquele vazio que habitava dentro de mim. Minhas orações, eu rogava pedindo apenas paciência, calma e um sorriso no rosto, mas minhas orações pareciam bater no teto, e cair de volta em cima de mim. A única diretriz sugerida é que ele seja amoroso, cuidadoso e maior do que nós, DEUS é assim. Tive que rastelar até ficar com dores nas costas, lavar louças de muita gente, lavar banheiros, catar lixo e desgrudar aqueles pedaços de papel higiênico que ficam grudados no plástico, tive que pegar cocô para limpar a chácara, isso tudo implica em ação, humildade e me ensinou a ser um cara menos preguiçoso, acordar todo dia em determinado horário, e fazer essa manutenção toda na chácara, entre outras atividades que tinha para fazer. Engraçado, conhecí até um homem formado em música, que experiência nós trocamos, ele me ensinou muitas coisas e fico feliz por ter passado algo pra ele também. Me sentí útil tocando para meus semelhantes e louvando a Deus através da música junto com o Cassiano, apesar de ter subido em tantos palcos, isso foi uma experiência e tanto, ver gente chorando com as letras das músicas, cantando com o coração para aliviar um pouco da dor. Conhecí verdadeiros amigos, achei que minha família já tinha me dado o cartão vermelho, pois tivemos uma despedida muito triste antes de eu ir para Orion (Nazaré Paulista divida com Bom Jesus dos Perdões - SP), fui amarrado pelo pessoal do resgate e na ira não dei tchau a ninguém, pai, mãe, irmãs, ninguém, fui só com minha ira e já planejando em como fugir de lá. Chegando lá, não deu outra, meu pensamento era apenas o de fugir, e a maior insanidade era o que eu pretendia fazer após completar a fuga. Era só mato em volta de tudo, a única saída era correr até Atibaia, dia 23 de Março, após dias combinando, eu, Felipinho, e Sean fomos realizar nosso plano de fuga. Não vejo isso como não sendo uma obra de Deus, não explicarei a situação mas o Rodrigo não me permitiu descer ao varal, ele apenas falou "espere os dois voltarem daí você vai", sendo assim, eles viram que eu não iria e foram. Mas logo foram pegos, foram devidamente medicados e trancados na U.D por 10 dias. O que aumentava meu desespero. Eu estava com a chamada "visão de túnel", só olhava para a frente, não conseguia olhar para os lados e encontrar alternativas, me render, aceitar. Enfim, me sinto muito honrado, aguentei esses meses lá, saí pelo portão da frente, ví gente ir e já voltar, ví gente ir, gente nova chegava a todo istante, coordenei o grupo da terça de N.A e de Sábado, uma experiência e tanto, complicado, visita familiar uma vez por mês, ligação nem pensar. Eu pensava, como andavam as coisas aqui fora, como estaria o mundo, a vida como ia, como estava meu pai, minha mãe, minhas irmãs. Mas a primeira visita foi magnifica, a distância nos uniu demais, como diz o álbum do Pulley "Togheter Again For The First Time", juntos novamente pela primeira vez, sempre nas visitas eu ficava sem assunto, achava as visitas longas demais, agora as coisas mudaram, sentí muito amor por parte deles, me sentí acolhido, no término da visita sentí um desespero tremendo, uma vontade imensa de entrar no carro e voltar junto para casa, mas isso não adiantaria, esse processo é meu, só meu, eu precisava passar por tudo isso, eles me deram muitas guloseimas de páscoa atrasado, e muitas outras coisas, meu mp3 player, que logo eu já parei de ouvir, cada música me levava para um lugar diferente, e logo eu estava chorando. Eu descobrí que não sou o que eu pensava ser afinal de contas, eu não vou explicar o processo mas, haviam avaliações, minhas notas eram sempre altas e eu mal estudava, minha capacidade intelectual não foi afetada tanto quanto eu imaginei, eu ainda sou capaz de chorar, de sentir, de me emocionar, eu pensei que eu não sentia isso mais, que tinha me tornado um ser sem emoção nenhuma, mas eu sou mais sensível do que eu imaginei, percebí que sou leal, aprendí a ser honesto, ter a mente aberta, boa vontade, ter sinceridade, distingui a diferença entre vontade e necessidade, estava pensando em vender minhas coisas e comprar uma moto ou um carro sei lá, logo ví, tocando a guitarra do Neto e o violão, como fui elogiado, como as pessoas paravam em volta para ouvir, ouví elogios que jamais imaginei, eu não sabia mais meu real tamanho em termos de música, e hoje eu vejo que é isso mesmo que eu nascí pra fazer, não foi à toa que eu tenho fotos quando criança brincando com o violão do meu pai, que fiz uma bateria com baldes e colheres de pau na infância, que com 6 anos fui me apresentar em vários lugares pela escola de música, e por aí vai, é o que eu buscava no 11º passo, buscar através de prece e meditação a vontade de Deus da maneira como eu concebo e compreendo, rogando apenas a sua vontade em relação a mim e o poder para fazê-las. Isso foi revelado, e eu tive cada coisa que me fez crer mais ainda, tem coisas que são impossíveis acontecer por acaso, um escapulário ao lado do carro ontém na volta do zoológico, aquele folheto falando da biíblia que encontrei no graal ontém, entrei de "casinha" em casinha dos banheiros para ver se todos tinham, era só o meu, entre outras coisas, o dia que eu estava mal, após o almoço eu e o Neto fizemos a sessão de espiritualidade tocamos e louvamos a Deus, o Carlão coseguiu uma consulta com o Dr. Maurilio pra mim de emergência, entre muitas outras coisas, só se eu for muito frio para dizer que foi uma coincidência. Algumas pessoas vão ficar no coração pra sempre, Felipão, Bittar, Zélão, Vitório meu segundo padrinho após a saída do Wesley, Toninho, Carlão, Cassiano, Di, Sean, Marcelo, Bruno Rocha, João, Frutuoso, Randall, Augusto, Firmino, Felipinho, Felipe Blackout, Lobo, Julio, Bruno Marcelo apesar de ser um cara meio doido, Humberto "Beto Or Die", Marcão, José Ricardo, Neto e óbviamente o Wilsson, entre outros que é meio complicado lembrar assim...
Só sei que mês que vem estarei aí novamente, como prova de minha gratidão, me sentí muito bem queimando o quarto passo, e a frase do Cassiano "Queima lá essas folhas, vamo lá começar uma vida nova agora!" ! Obrigado a todos! "Não importa de onde viemos, e sim para onde estamos indo!"
Tenho uma lista enorme, 36 nomes de pessoas que eu magoei muito na vida, tenho que fazer reparações a elas, não será fácil mas deve ser feito!
Me livrar do triângulo da auto-obsessão, ressentimento do passado, raiva do presente, e medo do futuro!
O ressentimento vai virar aceitação, a raiva vai virar amor e o medo vai se tornar fé!
E àqueles que eu não tiver oportunidade de fazer reparação, força!